A luz decai
A tarde desceu com o seu cansaço e tomou conta da cidade. Aqui e ali, abriu frestas de luz, mas tudo está já envolvido numa tonalidade triste e envergonhada, as folhas a amarelecer, a tremer ao vento, a preparar a queda que virá. Os homens passam distraídos, presos na vida que lhes calhou, apressados, os olhos fixos nas órbitas, fantasmas adiados. Ao longe, ainda há campos, o verde há muito os abandonou. São agora uma mancha de cinza sombreada pelas nuvens, um traço esquivo na parede da memória. A luz decai e eu decaio com ela, como se cair fosse o único destino que aos mortais estivesse reservado. A noite não tardará.
1 comentário:
Que poema!
Gostei.
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