A Origem da Luz - Dois
Falar de Maio, o mês onde o sol se conjurou
com as primeiras, as definitivas lições.
Na casa havia um hálito quente, o calor
a inundar as pálidas flores do jardim,
um retrato abandonado às chuvas de Dezembro.
Qual a matéria dos actos? Em desespero,
cavalgam os astros, voam como sóis ao luar,
cantam a cordata sapiência das horas,
as pequenas traições, a corola branca dos gestos.
Cantam, no fundo da terra, o murmúrio do mar.
Exíguos raios de luz erguiam brancas paredes
e a casa debatia-se entre a placidez dos elementos
e a fúria de pequenas mãos, absortas e criminosas.
Aspidistras tombavam nos corredores e fugindo
de meus pés formava-se uma rua de cal e ambrósia.
Jorge Carreira Maia, A Origem da Luz
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