Responsabilidades e deveres
Esta controvérsia nos EUA está a esconder uma coisa essencial. O importante não é o facto de alguns sectores conservadores americanos contestarem o discurso do presidente aos alunos, no início do ano lectivo. Estamos nos EUA e tudo, na vida política, tem um calor que se desconhece pela Europa. O importante, porém, é que o presidente americano se dirija aos estudantes para lhes falar de responsabilidade, para dizer que eles não devem abandonar a escola e que devem estudar. Há por aí, por vezes, uma certa tentação de homologar o engenheiro Sócrates ao presidente Obama. Para além do ridículo da coisa, a questão da educação mostra que pertencem a dois planetas completamente distintos. Em Portugal, o engenheiro Sócrates e a socióloga Rodrigues desresponsabilizaram os alunos até não mais poderem, inventaram um estatuto do aluno que quase elimina a ideia de dever por parte dos alunos, criaram um estatuto do professor e uma avaliação, agora em versão simplex, que transfere as responsabilidades dos alunos, famílias e sociedade para cima única e exclusivamente dos professores. Há coisas que não se percebem à primeira vista, mas a formação de Obama e de Sócrates, ou até de Cavaco, faz toda a diferença. Podem ser discutíveis as soluções que Obama propõe, mas elas resultam de um pensamento ilustrado e global dos problemas. E este, o problema da relação das novas gerações com a escola, é um dos mais importantes problemas do Ocidente. Parece que, para Obama, não se resolve imolando os professores na praça pública, mas lembrando aos alunos as suas responsabilidades e deveres.
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