O princípio de autoridade
Tentemos perceber o que está em questão. Segundo o Público, o Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, terá repreendido bispos e padres que, no trabalho pastoral, decidem pela própria cabeça. Se há uma coisa que é clara na Igreja Católica é o princípio de autoridade. A subjectividade dos membros da Igreja, incluindo o clero, deve submeter-se à autoridade do Vaticano e da hierarquia. A Igreja Católica não é uma organização democrática, onde a liberdade de opinião seja um valor fundamental. A liberdade está submetida, através do princípio de obediência, à autoridade. Caso contrário, não estaríamos perante a tradição católica, mas numa espécie de Igreja protestante. Aí sim, a autoridade perdeu o valor central. É ainda nesta perspectiva que se deve ler a seguinte constatação de D. José Policarpo: "muitas vezes o pastor assemelha-se mais a um gestor de empresas do que ao pastor que conhece as pessoas, com os seus problemas próprios e o seu ritmo de caminhada". Todos sabemos como o espírito empresarial do capitalismo moderno está ligado à ética protestante. De certa maneira, entre o catolicismo e o capitalismo, por muito estranho que possa parecer, sempre houve um contencioso irresolúvel. Esse contencioso reside no valor da decisão individual, na afirmação da subjectividade em detrimento da comunidade. Mas será curial a Igreja adoptar esta posição? Se olharmos a partir do Zeitgeist, nada é mais errado. Mas se olharmos para a História, descobrimos que o princípio de autoridade é o que mantém viva a Igreja Católica há já 2000 anos.
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