Bocage 05 - À lamentável catástrofe de D. Inês de Castro
Da triste, bela Inês, inda os clamores
Andas, Eco chorosa, repetindo:
Inda aos piedosos Céus andas pedindo
Justiça contra os ímpios matadores.
Ouvem-se inda na Fonte dos Amores,
De quando em quando as náiades carpindo;
E o Mondego, no caso reflectindo,
Rompe irado a barreira, alaga as flores.
Inda altos hinos o Universo entoa
A Pedro, que da morta formosura
Convosco, Amores, ao sepulcro voa.
Milagre da beleza e da ternura!
Abre, desce, olha, geme, abraça e c’roa
A malfadada Inês na sepultura.
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