20/06/07

Música às quartas - 5 Juliette Gréco, 1970 - 1977

A minha geração é a geração do rock, mas eu sempre fui um pouco excêntrico e, em relação à música, de uma excentricidade completa. Se houve música que me marcou, na longínqua juventude, foi a francesa. Nessa altura, porém, já a música francesa, aliás como a cultura francesa, tinha perdido a sua auréola e começava a ser completamente abafada pelos movimentos provenientes do mundo anglo-saxónico. Os Beatles, os Rolling Stones e os Pink Floyd terão tido um papel crucial nesse fenómeno.

Retomemos esses prazeres antigos com Juliette Gréco. Se há um movimento de ideias que me marcou profundamente nessa juventude não foi o marxismo, mas o existencialismo. Sartre e Camus foram para mim heróis. Ora Gréco é uma espécie de musa existencialista, uma mulher que representa a vanguarda intelectual burguesa de Paris. O nome de Gréco é associado a outros grandes cantores como Boris Vian, Georges Brassens, Léo Ferre, Serge Gainsburg, etc.

O CD de hoje é uma colectânea que vai de 1970 a 1977, isto é, que vai dos meus 14 aos 21 anos. Como sempre, a música e a voz de Gréco animam belos textos poéticos. Três destaques: La Chanson de Vieux Amants, de Jacques Brel; J’Arrive, também de Jacques Brel; Le Mal du Temps, com letra da própria cantora.

O CD é uma edição da phonogram (grupo Philips), de 1990. Com uma dedicatória especial a um amigo morto aos vinte poucos anos, num estúpido acidente de comboio, e com o qual compartilhava o culto pela cultura francesa, para além da paixão pelo Benfica: o João Bispo.

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