Uma contradição no mundo do consumo
Luc Ferry faz notar uma clivagem que atravessa certos sectores da direita liberal. Por um lado, protestam contra a desordem que atingiu a vida moral e social, nomeadamente as novas gerações. A deseducação, o desconhecimento das regras sociais, mas também das regras gramaticais e sintácticas. No mundo de hoje, os valores entraram em colapso. Mas Ferry chama atenção que todo esse colapso foi necessário para que as novas gerações se tornassem gerações de consumo. A ética anterior, onde esses liberais foram educados, era profundamente anticonsumista e reprovadora dos comportamentos que, hoje em dia, são instigados pelos dirigentes das empresas.
A elite empresarial, nomeadamente a casta dos gestores, vive dilacerada entre a nostalgia dos «velhos» valores conservadores, e o seu papel de revolucionários permanentes, cuja função é destruir e desestruturar, através da «inovação», a vida social, para que as pessoas se sintam coagidas (aplico a palavra no seu efectivo sentido) a consumir cada vez mais, os lucros das empresas cresçam e os seus honorários subam.
Mas a contradição efectiva não se encontra na subjectividade dilacerada da casta dos gestores. Não é o antagonismo afectivo entre o olhar nostálgico para o passado e a acção presente. A contradição está noutro lado: foram os velhos valores conservadores e burgueses que permitiram a essa elite ascender aos lugares que ocupa. Mas quem os poderá substituir se já desapareceram os velhos valores e os novos valores são puramente valores de dissipação? O mundo empresarial exige que os consumidores sejam continuamente dissipadores, mas como nesse caldo cultural se poderá formar uma elite que dirija o mundo empresarial sem dissipação? Os valores dominantes contêm em si um princípio suicidário, uma auto-contradição da qual não se vislumbra como solução senão a pura destruição.
A elite empresarial, nomeadamente a casta dos gestores, vive dilacerada entre a nostalgia dos «velhos» valores conservadores, e o seu papel de revolucionários permanentes, cuja função é destruir e desestruturar, através da «inovação», a vida social, para que as pessoas se sintam coagidas (aplico a palavra no seu efectivo sentido) a consumir cada vez mais, os lucros das empresas cresçam e os seus honorários subam.
Mas a contradição efectiva não se encontra na subjectividade dilacerada da casta dos gestores. Não é o antagonismo afectivo entre o olhar nostálgico para o passado e a acção presente. A contradição está noutro lado: foram os velhos valores conservadores e burgueses que permitiram a essa elite ascender aos lugares que ocupa. Mas quem os poderá substituir se já desapareceram os velhos valores e os novos valores são puramente valores de dissipação? O mundo empresarial exige que os consumidores sejam continuamente dissipadores, mas como nesse caldo cultural se poderá formar uma elite que dirija o mundo empresarial sem dissipação? Os valores dominantes contêm em si um princípio suicidário, uma auto-contradição da qual não se vislumbra como solução senão a pura destruição.
Sem comentários:
Enviar um comentário