Sangue novo
Há dias, para fugir ao mundo dos professores, fui jantar a um restaurante de uma vila vizinha, onde não conheço ninguém. Espaço acolhedor, comida óptima. Como fui cedo, a sala estava vazia. Mais tarde as mesas que rodeavam a minha foram ocupadas. Por quem? Não conhecia, mas pelas conversas que, sem querer, fui ouvindo, descobri que eram professores, melhor professoras. Enfim, daí não viria mal ao mundo. A dado momento, oiço claramente o seguinte: «o que as escolas precisam é de sangue novo, de professores novos.» Olho para a senhora que proferiu a frase e sinto uma náusea, a excelente corvina ‘revolveu-se-me’ no estômago.
As escolas precisam de sangue novo? Eu pensava que as escolas precisavam de bons professores, velhos, novos, de meia-idade, mas professores com sólida formação científica, com capacidade de estar perante os alunos, indivíduos que se pudessem constituir como exemplos e modelos. Indivíduos que gostassem de ensinar e que gostassem de estudar, que amassem a Literatura, as Ciências, a Matemática, a História, a Filosofia, de indivíduos que tivessem um mundo, que fossem cultos. É destes professores que os alunos precisam. Novos? Tanto faz. Precisava também de outras coisas, como um Ministério da Educação que não perseguisse os professores e não os humilhasse, não os obrigasse a fazer coisas sem sentido. Precisaria também de pais que interferissem não na escola, mas em casa para educar e disciplinar os seus filhos.
Aquela senhora, cuja idade deveria aproximar-se da minha e que já há muito terá deixado de ter «sangue novo», é o símbolo da irrelevância de pensamento existente na educação. A novidade pela novidade, como se isso fosse bom. Mas este tipo de discurso esconde a concepção de escola dominante, aquela que tem levado o caos ao ensino. O «sangue novo» pretendido não é de gente com conhecimento e saber, mas antes de gente mais “aberta” às “inovações”, àquelas que têm vindo a desestruturar o sistema educativo.
As escolas precisam de sangue novo? Eu pensava que as escolas precisavam de bons professores, velhos, novos, de meia-idade, mas professores com sólida formação científica, com capacidade de estar perante os alunos, indivíduos que se pudessem constituir como exemplos e modelos. Indivíduos que gostassem de ensinar e que gostassem de estudar, que amassem a Literatura, as Ciências, a Matemática, a História, a Filosofia, de indivíduos que tivessem um mundo, que fossem cultos. É destes professores que os alunos precisam. Novos? Tanto faz. Precisava também de outras coisas, como um Ministério da Educação que não perseguisse os professores e não os humilhasse, não os obrigasse a fazer coisas sem sentido. Precisaria também de pais que interferissem não na escola, mas em casa para educar e disciplinar os seus filhos.
Aquela senhora, cuja idade deveria aproximar-se da minha e que já há muito terá deixado de ter «sangue novo», é o símbolo da irrelevância de pensamento existente na educação. A novidade pela novidade, como se isso fosse bom. Mas este tipo de discurso esconde a concepção de escola dominante, aquela que tem levado o caos ao ensino. O «sangue novo» pretendido não é de gente com conhecimento e saber, mas antes de gente mais “aberta” às “inovações”, àquelas que têm vindo a desestruturar o sistema educativo.
De «sangue novo» em «sangue novo» conseguimos transformar uma escola sofrível numa escola péssima. É provável que aquela senhora seja uma das raras admiradoras da socióloga Maria de Lurdes Rodrigues, quem sabe. Quando os próprios professores já interiorizaram o discurso dos algozes, a coisa está definitivamente perdida.
1 comentário:
A Escola e a Nação precisam, mais que outra coisa qualquer, de reposição de métodos de ensino cientificamente válidos, em vez das experiências irresponsáveis impostas pelos consecutivos governos nos últimos 20 anos.
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