24/01/10

O livro do entardecer 26 - alvo

de que boca bebo a água que mata
e me rouba as palavras
que tenho para dizer

não há inocência nesses lábios
nem sombras onde se oculte a voz –
é dessa cor a natureza que te coube
branca como a erva sob a geada
fria ao sol de agosto

sem casa ou bosque que te acolha
nem a flecha escura do desejo
de ti fará brando alvo