Pouco entusiasmo
Começa-se a perceber o óbvio. Os sinais de retoma da economia mundial, apesar da profundidade da crise, estão a esbater o o entusiasmo reformista que atingiu, no auge da crise, as administrações dos países mais ricos. No fundo, há quem pense que o que aconteceu foi apenas devido a uma distracção de uns quantos, e que, hoje em dia, foram desenvolvidos mecanismos económico e políticos que permitem enfrentar com êxito situações críticas como a que se vive. Se assim é, por que razão haveria de se mexer na estrutura internacional que começou a ser desenhada por Thatcher e Reagan? Mas não é apenas os sinais de retoma da economia (sinais aliás contraditórios, segundo alguns analistas) que estão a esfriar o entusiasmo dos políticos nas reformas. É a própria ideologia com que olham o mundo e os interesses a que ela corresponde. Os sinais de retoma são apenas sinais, e podem ser lidos de maneira contraditória. O que vai ser determinante é o escopo ideológico e os interesses que aí se representam, e que estruturam as decisões a tomar. O entusiasmo reformista não nasceu de uma outra compreensão da relação entre economia, política e sociedade, nasceu do pânico. Debelado o pânico, o paciente esquece a medicação.
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