Emily Dickinson - 288
Para hoje a tradução, bem difícil, de um poema da poetisa norte-americana Emily Dickinson. O poema n.º 288.
I’m Nobody! Who are you?
Are you – Nobody – Too?
Then there’s a pair of us!
Don’t tell! they’d advertise – you know!
How dreary – to be – Somebody!
How public – like Frog –
To tell one’s name – the livelong June –
To an admiring Bog!
------------------------------
Sou Ninguém! Quem és tu?
És – Ninguém – Também?
Então formamos um par!
Nada contes! Eles anunciá-lo-iam – bem sabes!
Que monótono – ser – Alguém!
Que banal – como a Rã –
Dizer o nome – por todo o Junho –
Para um charco boquiaberto!
I’m Nobody! Who are you?
Are you – Nobody – Too?
Then there’s a pair of us!
Don’t tell! they’d advertise – you know!
How dreary – to be – Somebody!
How public – like Frog –
To tell one’s name – the livelong June –
To an admiring Bog!
------------------------------
Sou Ninguém! Quem és tu?
És – Ninguém – Também?
Então formamos um par!
Nada contes! Eles anunciá-lo-iam – bem sabes!
Que monótono – ser – Alguém!
Que banal – como a Rã –
Dizer o nome – por todo o Junho –
Para um charco boquiaberto!
-----------------------------
Das discutíveis soluções encontradas para os problemas que o poema coloca, refiro aquela que menos me agrada. A tradução de How public, no sexto verso, por Que banal. A tradução de Ana Luísa Amaral por Que vulgar não resolve também o problema. Ambas as traduções perdem a referência ao domínio público, à esfera pública oposta à esfera íntima, referência essa presente no texto de E. Dickinson. Todo o poema gira em torno do conflito publicidade vs intimidade. Ainda pensei em traduzir por Que publicidade, mas a actual conotação da palavra oculta o sentido mais original que tomou no Iluminismo, nomeadamente em Kant. É contra esse sentido, de certa forma, que o poema é escrito, demarcando uma área de intimidade que deve ser preservada da publicidade que o dizer, o anunciar, o contar, implicam.
2 comentários:
A segunda pessoa não ocmbinou bem no ocntetxo do poema... Quanto ao public, acho "comum"é bem melhor qu eo banal e o vulgar, amabas palavras meio pomposas perto do comum. Por sinal acho que é esse o sentido do poema que a segunda pessoa retia um pouco. Bem, mas aí não sei se no Portugues de Portugal é como aqui que quem usa o tu em vez do você é visto como pedante.
G
Emily Dickinson é sempre muito difícil de traduzir. Traduzir poesia é, aliás, sempre o mais difícil de traduzir. Uma vez passei quase duas semanas até encontrar a definição e a construção mais aproximada para um pequeno poema desta autora...
Creio que, neste poema, se, em vez de utilizar o «Que» em «Que monótono...«Que banal» se poderia, talvez, usar o «Tão», que enfatizaria ambas as expressões: «Tão monótono...Tão público...» e, deste modo, até já se poderia utilizar a palavra «público», pois é isso precisamente que a autora refere, o contexto antagónico entre a esfera íntima e a...pública, seja o «público» banal, vulgar ou ...não.
Enviar um comentário