25/01/09

O olhar omnipresente

(Imagem retirada de Blogmação)

Em relação a este paradoxo do olhar omnipresente, aconteceu há pouco tempo uma coisa curiosa com um amigo meu na Eslovénia: uma ocasião, voltou ao escritório à noite, porque precisava de terminar um trabalho; antes de acender a luz, viu, no escritório que ficava do outro lado do pátio, um par constituído por um administrador (casado) e a respectiva secretária a fazer amor apaixonadamente em cima da mesa. No meio da sua paixão, esqueceram-se que havia um edifício do outro lado do pátio, do qual podiam ser vistos com nitidez, dado que o escritório estava brilhantemente iluminado e as enormes janelas não tinham cortinas… O que o meu amigo fez foi telefonar para o escritório da frente e quando o administrador interrompeu por breves momentos a sua actividade sexual e foi atender o telefone, murmurou maldosamente para o aparelho: «Deus está a vê-los!» O pobre homem caiu para o lado e quase teve um ataque cardíaco… A intervenção desta voz traumática, que não pode ser directamente situada na realidade, talvez seja o mais próximo que podemos chegar da experiência do Sublime. [Slavoj Zizek, Lacrimae Rerum, pp. 169]

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