Emblemas e questões críticas
Sexta-feira, vota-se uma proposta do CDS-PP para suspender o actual modelo de avaliação de professores. Segunda a Lusa, a direcção da bancada parlamentar do PS está a mobilizar em grande força os deputados, deixando pairar no ar uma qualquer ameaça metafísica, talvez a demissão da inefável direcção dessa bancada. Mas o melhor vem do ministro Santos Silva. Diz que esta questão «é "uma reforma emblemática" e uma "questão crítica" para o cumprimento do programa do Governo». Melhor fora que estivesse calado.
Se esta reforma é o emblema da política do governo, então bem pode limpar as mãos à parede. Uma reforma que gerou a oposição de mais de 90% dos seus executantes, uma reforma que começou na produção de um monstro burocrático e que acaba numa coisa tão simples como esta: um professor pode ser considerado bom, independentemente da sua prática pedagógica e científica. Uma reforma que valoriza coisas tão voláteis como "a participação dos professores na escola" (como se ensinar não fosse a única e efectiva forma de um professor participar na vida da escola), ou a "relação com a comunidade" (o que é isto?), é o espelho fiel do delírio e da incompetência institucionalizada.
E um programa de governo que depende criticamente deste monte de incongruências, não é um programa de governo, mas o alinhamento de umas quantas frases para serem repetidas à saciedade por papagaios imbecis. Como pôde o sociólogo Santos Silva, pessoa que eu, em tempos, julguei merecer alguma consideração intelectual, acabar a defender coisas como estas?
2 comentários:
Jorge Carreira da Maia, a proposta de CDS prevê a substituição deste modelo simplex por outro, que me parece ainda trabalhoso:
http://www.scribd.com/doc/10938248/Proposta-a-tar-Pelo-CDSPP-Em-23-Janeiro (está aqui a proposta)
Jorge, o homem foi do MES. E, tal como um ex-alcoólico que continua a ser alcoólico para toda a vida, há pessoas que continuam, embora por outros meios, a ser aquilo que sempre foram.
JR
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