25/01/09

Militares e professores

O Sol on-line noticia que a Marinha tem mais almirantes que navios. Parece uma notícia factual. O que é interessante, porém, é a reacção dos comentadores, a vox populi e, como todos sabemos, vox populi, vox Dei. Um comentário é elucidativo: «Este é juntamente com os professores o maior cancro da nossa sociedade e não é só os almirantes é a tropa toda. Depois temos que comprar barquinhos e aviões para os parasitas brincarem com o nosso dinheiro.» A coisa é bastante simples: fechem-se as escolas, os quartéis, talvez os hospitais, os tribunais, não esqueçamos de fechar o parlamento, as esquadras de polícia e, já agora, os hospitais e centros de saúde. Dispensem-se todos esses parasitas, gente ignara que julga dever receber um ordenado pelo serviço que presta. Uma coisa é discutir a eficiência do serviço público, outra coisa é a cultura de ressentimento que existe na sociedade portuguesa contra o próprio Estado. Mas este ressentimento, que esconde uma espécie de ódio, é apenas a outra face do desejo de depender do Estado. É um caso psicanalítico.

1 comentário:

Alice N. disse...

Um ressentimento que existe há muito (na verdade, em muitos casos, parece mais inveja do que ressentimento) e que este governo vil e demagogicamente se encarregou de fomentar.
Devemos melhorar os serviços, é certo (e não apenas no sector público), mas fazer passar a ideia de que todos os males estão na função pública é uma atitude que ultrapassa a mera irresponsabilidade política. É, quanto a mim, um acto de inqualificável má-fé, quase criminoso.