13/02/08

António Ramos Rosa - V Onde é aqui

Onde é que,
o centro,
onde se respira,
a cama limpa
ao corpo inteiro e nu.
Onde é a fome e o braço toca
o esplendor.
Respira o ventre,
a vela incha
ao sol e ao mar sem fim.

Onde é aqui,
a fome nua,
a árvore exacata
no centro
da alegria,
a luz e o olhar
aberto ao mar.

Onde é onde
a mão sabe
a carícia da anca
e a língua fabrica
o seu sabor a sol.
Onde o fogo acende
o pulso do poema.

António Ramos Rosa, Nos seus olhos de silêncio, 1970

Sem comentários: