04/02/08

A questão dos despedimentos e outras tropelias

Voltemos ao admirável mundo novo que nos cabe em sorte. Agora que o governo decidiu que as reformas sejam apenas aos 65 anos e, para os novos trabalhadores, aos 67, vêm a CIP e a CCP defender o despedimento como forma de renovar o quadro pessoal das empresas. As pessoas, ao mesmo tempo, têm o dever de trabalhar mais e de não trabalhar mais. Talvez dêem em malucas com a lógica social. Mas o governo, que não pára de inventar novas soluções, propõe que as empresas empreguem pessoal desempregado com mais de 55 anos, certamente aquele que já foi despedido devido à renovação, e para tal dispensará, o mesmo governo, as entidades empregadoras do pagamento da segurança social destes trabalhadores. Genial. Aqui talvez as empresas se desinteressem de renovar o seu pessoal e adoptem uma nova estratégia: envelhecer o pessoal. É evidente que esta solução é bastante interessante, pois deixa os mais jovens a crescer até ter 55 anos e, depois de cento e vinte cursos das Novas Oportunidades, talvez possam ingressar no mercado de trabalho. A solução que resta é todos os portugueses tornarem-se empresários. Portugal, um país com dez milhões de empresários. Talvez falte a mão-de-obra, mas por certo não haverá despedimentos. Parece que as nossas elites políticas e económicas gostam de brincar ao Carnaval.

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