O silêncio da terra sombria – 4. Devastado mundo
Cantava o devastado mundo,
a periferia de cardos entre mãos,
o louvor dos dias finais e brancos,
claros de tanta sufocação.
Falava de viagens feridas pela partida
se o tempo era de procissão:
uns anjos safados e sujos, o andor
rodeado por virgens puídas, remendadas
de escamas, linhas de cinza a sucumbir
na vida fria esconsa incessante
da madrugada.
[Jorge Carreira Maia, O Silêncio da Terra Sombria, 1993]
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