O silêncio da terra sombria – 2. Céu Perdido
Um ponto cavado e sonoro, puro
como a chama de uma candeia,
é agora um barulho deserto ou
uma alcateia de zinco pela estrada.
Nessa lâmpada obscura arquitecta-se
uma raiva escrita na paisagem verde,
verde de tanto silêncio ou naquele
céu perdido e esfaimado de pássaros
e nuvens a clamar vingança,
a vingança gravada no horizonte
dos dias ansiosos e exactos,
agora lúcidos de semente e fumo,
lúcidos como uma maçã descascada,
oferecida a uma boca seca de tanta inércia.
[Jorge Carreira Maia, O Silêncio da Terra Sombria, 1993]
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