Papel que se rasga - 9. Chove!
Chove!
Sobre a cama havia
uma camisa de linho
um lenço de Inverno
o meu nome preso
na aurora.
Chove.
A água derrama-se
e no repouso da tarde
abre-se um rio
que de tão pesado
se inclina, hesita
e logo cai.
Chove…
Na cama há agora
um rio ou uma sombra
ou a camisa rota
pelos invernos
que deixaram de ter
o meu nome
a iluminar a raiz onde
cresce o vazio.
[JCM. Papel que se rasga. 1978]
Sem comentários:
Enviar um comentário