06/02/08

Papel que se rasga - 9. Chove!

Chove!
Sobre a cama havia
uma camisa de linho
um lenço de Inverno
o meu nome preso
na aurora.

Chove.
A água derrama-se
e no repouso da tarde
abre-se um rio
que de tão pesado
se inclina, hesita
e logo cai.

Chove…
Na cama há agora
um rio ou uma sombra
ou a camisa rota
pelos invernos
que deixaram de ter
o meu nome
a iluminar a raiz onde
cresce o vazio.

[JCM. Papel que se rasga. 1978]

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