14/02/08

Escola a tempo inteiro

Depois dos alunos do primeiro ciclo, os do segundo ciclo vão passar a ter escola a tempo inteiro. Eles passam na escola, actualmente, apenas 39 horas semanais. Vão passar 55 horas. Os pais concordam, claro, e os sindicatos, com algumas reticências, também. Eu, pessoalmente, acho a medida do governo pouco ambiciosa. As crianças deveriam ser internadas nas escolas depois dos três anos, e teriam 3 horas ao fim-de-semana para ver os pais biológicos e uma semana por altura do Verão, para os mesmos fins deletérios. O resto do tempo deveria ser passado em aulas divertidas, cheias de computadores e em actividades de enriquecimento curricular. Mas a falta de ambição não se restringe ao horário reduzido do projecto. O âmbito é pouco ambicioso, passe a cacofonia. Se eu estivesse no lugar da ministra da educação, teria como objectivo, nesta legislatura, implementar (assim mesmo) a experiência até ao final do secundário. No início da próxima legislatura, o programa da escola a tempo inteiro deveria ser alargado ao ministério do professor Gago. Precisamos de uma universidade a tempo inteiro, com imensas camaratas, aulas de recuperação, educação cívica, estudo acompanhado e outras nobres actividades de enriquecimento curricular. Só assim se responsabiliza os pais biológicos pela educação dos seus geniais rebentos. Para completar o processo, dever-se-á também criar o programa de professor a tempo inteiro. O futuro professor deverá acompanhar as crianças desde os 3 anos até ao fim dos estudos, 24 horas por dia. O professor deverá fazer, perante o estado representado pelo ministério da educação, prova de virgindade e pronunciar os sacramentais votos de obediência à divina presciência do ministério da educação, de pobreza, aceitando trabalhar apenas pelas magras refeições que lhe permitam acompanhar as crianças, e castidade para evitar contribuir para o desmando que é a multiplicação da espécie e, porque sendo professor, não tem direito a qualquer tipo de prazer, por mais orgânico que seja. A masturbação está interdita.

3 comentários:

Anónimo disse...

Na nossa tentativa insana de domar o tempo sobram.nos aqueles para quem o tempo passa sem contagens, os novos e os velhos.
como enquadrá-los quano se mostram tão rebeldes e reclamam conversas e brincadeiras?!
Descaramento!
Fica aqui ao pé de mim....
E o estado não nos salva destes montros da improdutividade?
Graças ao governo providencial da nação ninguém terá como desculpa para a fraca produtividade um filho ou um avô....
Graças

maria correia disse...

Já agora, esse «protectorado» do professor e das instituições de ensino deveria estender-se até ao final dos cursos universitários e afins, até à conclusão do mestrado e, por que não, do doutoramento. Assim, libertar-se-iam para todo o sempre os papás e as mamãs de qualquer culpa ou sentimento de culpa ou responsabilidade pelo comportamento e aproveitamento e educação dos seus rebentos...afinal, a culpa já vem sendo sempre, desde os finais dos anos setenta, do «maldito professor»...em vários países do norte da Europa, as políticas têm sido de forma a proporcionar aos pais ou, pelo menos, à mãe, a possibilidade de ficar mais tempo em casa, dedicando-se àquilo a que qualquer mãe e pai deveria ter o DIREITO E O DEVER de se dedicar: à educação daqueles que gera...mas parece que, por estas terras dos confins da Europa, por esta Finisterra enlouquecida, anda tudo ao contrário dos ponteiros do relógio...
Continuo à espera de D. Sebastião para acertar o relógio; enquanto isso,agradeço a possibilidade permitida pelo autor e proprietário do blogue por me permitir publicar estes protestos...

Jorge Carreira Maia disse...

Talvez os protestos publicados aqui, ou noutros lugares, sirvam para pouco. Todavia acredito no efeito terapêutico. Fazem bem ao fígado. Pelo menos a mim.
Cumprimentos,
JCM