Suspendamos então a democracia..
Eu confesso que simpatizo bastante com a senhora. Acho que ela é uma pessoa boa e uma pessoa de bem. Acho também que ela é uma pessoa séria. Também confesso que nunca votarei nela, embora não saiba em quem votar. A senhora é infinitamente mais credível de que o seu antecessor, aquele senhor da Câmara de Gaia. Mas ela também não tem grande jeito para o negócio. Então não decidiu, segundo o Público, dizer coisas como estas: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".
Estes ditos da líder do maior partido da oposição, numa democracia, revelam duas tristes coisas: primeira, a cultura democrática da nossa direita, e a esquerda escusa de se estar a rir, deixa muito a desejar. No fundo, Ferreira Leite disse aquilo que uma parte do país pensa, mas pensa mesmo, e não só à direita, diga-se de passagem; em segundo lugar, as organizações políticas portuguesas estão incapazes de gerar líderes politicamente preparados.
Talvez a senhora tenha razão: que tal suspender a democracia e o país por seis meses, para ver se descobrimos líderes sensatos e preparados para a direita e para a esquerda, já agora. As coisas não vão bem para o lado da laranja...
1 comentário:
De acordo.
E até acho, também, que em todas as nossas fronteiras, designadamente nos aeroportos, devíamos pôr um letreiro dizendo: encerrado, temporariamente, para obras.
O pior é que, como frequentemente aqui acontece, o provisório corre o risco de se tornar definitivamente provisório, e lá poderemos voltar a ter um interlúdio fulgurante como o de 26 a 74!...
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