A superstição do esforço
Como poderemos nós, homens educados no espírito moderno, compreender os versos do velho poeta grego Teógnis?
Nenhum homem é próspero ou pobre,
ou vil ou nobre, sem a sanção divina.
Ou estes:
Aquele a quem os deuses honram, até o desdenhoso enaltece;
mas de nada vale o esforço de um homem.
Fomos educados segundo uma ética do esforço e na crença na autonomia do indivíduo. Talvez seja apenas naqueles momentos mais negros que o homem moderno vislumbra, certamente por curtos instantes, esse outro saber que nos diz que essa autonomia é pura vaidade. Sim, seria o que diria Teógnis se aqui chegasse e olhasse para nós, homens contemporâneos, crentes na religião da autonomia e ardentes defensores da superstição do esforço. E também eu finjo pertencer à seita.
1 comentário:
Vamos mais pela célebre frase do Tamerlão, de Christopher Marlowe: «Shall I die and this unconquered?»...mas Shakespeare, na mesma época,dizia, já não me recordo onde, que existem «diferentes graus de vaidade»...No filme Tess, a protagonista, numa cena sublime, murmura o Eclisastes: «vaidade, vaidade, tudo é vaidade...» Somos feitos desta tensão, é o que nos corre no sangue e na alma. Entre o Bem e o Mal. C' est tout.
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