Os ramos crescem na leveza do dia
Paul Cezanne – House and Trees (1890-94)
Os ramos crescem na leveza do dia
e deitam seus dedos vegetais
lá para o sítio onde os pássaros
desenham círculos em voos irreais.
Mas se os telhados apontam as nuvens
e se os homens sob eles se juntam
é para cantar a luz que do sol cai
ou escutar o rumor dos anjos que passam.
Casas e árvores na terra raízes têm,
mas só o vento as afaga pelo dia:
ali cresce uma telha no silêncio
ou um ramo cai dorido na melancolia.
e deitam seus dedos vegetais
lá para o sítio onde os pássaros
desenham círculos em voos irreais.
Mas se os telhados apontam as nuvens
e se os homens sob eles se juntam
é para cantar a luz que do sol cai
ou escutar o rumor dos anjos que passam.
Casas e árvores na terra raízes têm,
mas só o vento as afaga pelo dia:
ali cresce uma telha no silêncio
ou um ramo cai dorido na melancolia.
1 comentário:
Sempre que vejo um quadro que aprecio de forma especial(Cezanne é dos mestres que mais admiro), tenho uma dificuldade enorme em virar-lhe as costas, como se eu já não estivesse no exterior a observá-lo, mas já fizesse parte do próprio quadro. Ter de desviar os olhos de uma obra que nos toca é quase brutal (mas observá-la pode ser igualmente difícil). Felizmente, os quadros têm uma dupla existência: na tela e na nossa alma. Porque há o quadro exterior e o quadro que vive em mim. Porque preservar em nós a emoção é continuar a ver o quadro, ou melhor, a viver o quadro.
Assim é, também, com a sua belíssima poesia.
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