O filme A Turma e a diferenciação pedagógica
Ontem fui ver ver o filme de Laurent Cantet, A Turma. Falarei dele aqui algumas vezes, não do ponto de vista artístico, mas sobre aquilo que ele mostra do ensino em França. Não esqueçamos que o filme ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes, e é baseado num romance autobiográfico de um professor, François Begaudeau. Comecemos então.
É de França que vem a principal artilharia teórica sobre a «diferenciação pedagógica», essa ideia sublime que obriga um professor, numa aula, estar a dar uma série de aulas diferenciadas em conformidade com o desenvolvimento de cada aluno. Ora a turma que o filme mostra, uma turma do ensino básico, é composta por gente da mais diversa origem étnica e com graus de desempenho escolar bem diferentes. Nunca, no filme, se ouviu falar em diferenciação pedagógica, nem se viu o professor a dar aulas para diversos grupos. Pelo contrário, a aula era dada a todos os alunos ao mesmo tempo, com a mesma matéria e a mesma «estratégia» (uma palavra muito ao gosto dos nossos governantes e de certos professores convertidos ao eduquês e ao burocratês).
A diferenciação pedagógica dos franceses é boa para as escolas portuguesas e para martirizar os bons professores portugueses através da sua obrigatoriedade, segundo o extraordinário Estatuto da Carreira Docente, elaborado pela a actual governação. Dito de outra maneira: a diferenciação pedagógica é boa para os cafres.
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