03/11/08

Cioran [Qual o lugar?]

Apenas amo a irrupção e a derrocada das coisas, o fogo que as suscita e aquele que as devora. A duração do mundo exaspera-me; o seu nascimento e o seu desaparecimento encantam-me. Viver sob o fascínio do sol virginal e do sol caduco; saltar as pulsações do tempo para delas apreender o original e o último..., sonhar com a improvisação dos astros e com a sua afinação; desdenhar a rotina do ser e precipitar-se para os dois abismos que a ameaçam; esgotar-se no início e no termo dos instantes... [Cioran]

3 comentários:

Alice N. disse...

Também este texto causa uma verdadeira irrupção de emoções! Quase nos consome, assim levados para pólos tão distantes... (Ou serão eles, afinal, mais próximos do que parece?) Imagens fortíssimas que nos enlevam, nos deslumbram. Mais que tudo, imagens que nos inquietam e nos questionam.

E que bom este regresso do insubstituível A VER O MUNDO! Um espaço onde não há lugar para a mediania nem para a enfadonha rotina do ser. Porque aqui também há plenitude, porque aqui não pesa o tempo nem falta a luz...

Anónimo disse...

É bom vê-lo de volta.
E logo trazendo pela mão Cioran!
O durante, na verdade, é, quantas vezes, exasperante ao esgotar-se no início e no termo dos instantes...

abr
jlf

maria correia disse...

Bem vindo de volta ao espaço virtual, a ver o mundo a seu modo, JCM!

A sabedoria da vida residirá, então, em conseguir viver o instante a passar tanto quanto a sua irrupção e fim.