Um ódio popular aos professores
Num comentário (às 18h12 de hoje) a uma notícia do Público, um leitor insurgia-se contra o facto de os professores terem acesso a um computador por 150 € e uma ligação móvel à internet com um desconto de 5 € mensais. É muito curiosa a relação que os portugueses têm com os professores. Qualquer quadro de uma empresa tem um computador topo de gama e um conjunto de regalias de acordo com o seu estatuto na organização. Mas um professor, para a generalidade dos portugueses, é um caso especial, pois tem o dever de pagar os instrumentos de trabalho. Isto não é apenas ignorância, mas um ódio visceral a uma profissão, ódio esse que denota o desprezo que os portugueses têm pelo saber e por quem o distribui.
1 comentário:
Olá JCM...regressada de férias,mais uma vez vejo o seu ódio aos portugueses patente neste post. E digo-lhe, os portugueses não odeiam o saber nem quem o distribui. Os portugueses, até há uns anos, dez, vinte, tinham profundo respeito pelo professor. Ainda hoje, no bairro em que vivo, as pessoas falam de mim como «a professora» porque sabem que já dei aulas. E com todo o respeito. Os meus filhos são «os filhos da professora». Com todo o respeito. Apesar de ter tentado explicar que, já há uns anos, trabalho apenas como tradutora, foi a ideia de professora» que ficou. E respeitam-na. Os portugueses respeitam o saber...e quem o difunde, bem. (eh, pá, o gajo sabe)Claro que JCM tem uma profunda consciência de classe, que eu não tenho. Aliás, creio até que essas «consciências de classe» obscurecem muitas vezes a realidade. Mas também lhe digo que tenho amigos profesores de música, de filosofia e de português, no ensino oficial, e que não suportam o meio. Um amigo meu, professor de filosofia no ensino oficial, durante dezasseis anos, saiu por não aguentar mais o tipo de «consciência de classe» existente nos ambientes escolares em que trabalhou. Uma amiga minha, professora de português, insurgiu-se várias vezes contra o laxismo existente no meio. Eu própria assisti à forma como determinadas matérias foram dadas, a trouxe mouxe, aos meus dois rapazes, ao longo de todo o percurso que fizeram até à universidade. Como sou formada em História, cheguei a «recorrigir» testes de História do meu filho mais novo. A nível do Português, nem se fala...É claríssimo que não me refiro ao caso de JCM, que será um professor exemplar, nem poderia ser de outra forma pelo que conheço de si através do blogue. JCM será O PROFESSOR por excelência. E é óbvio que há muito boa gente no meio. Mas, por favor, não deixe que uma exagerada «consciência de classe» o impeça de ver a realidade. Em relação aos computadores, não percebi se são apenas para uso na aula. Se forem, tudo bem. SE são para uso pessoal, então o governo que subsidie também computadores para os tradutores. É que os tradutores são profissionais que pagam tudo por si e não se queixam.(não t~em consciência de classe?) E se há «classe profissional» que precise de um bom computador portátil, baratinho, é o tradutor. Eu não tenho, por exemplo. Gastei o dinheiro para um portátil para o meu filho mais velho, que cursa Informática e Gestão no ISCTE. os estudantes universitários nunca são contemplados com essas «benesses» do governo. Ah, pois, deve ser porque consideram os universitários filhos de pais ricos. Ponto final. E não se zangue.
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