Abrem-se sulcos pela tarde
Abrem-se sulcos pela tarde
e dentro deles árvores
como dedos voltados para os céus.
As vozes que oiço
são pela aurora trazidas.
Têm nome, um rosto frágil
e uma lâmpada de azeite as ilumina.
Na cidade, tudo se torna assim tão precário:
os carros que passam, o vento
sussurrado a tolher de flores
a música de um piano,
cansado anoitece.
Nos sulcos da tarde
ardem ciprestes, velas de cera,
gestos surpresos, cavados,
ruas desertas entre as muralhas.
A chuva virá.
Jorge Carreira Maia. Poemas dispersos.
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