27/07/08

O comércio governativo

O estimável ministro da economia terá dito que o Governo é uma “direcção comercial de luxo”. Para além da fanfarronice expressa no termo “luxo”, esta afirmação é o sintoma claro da falta de princípios e da inanidade política de Sócrates e da sua gente. Desde muito cedo que a tradição política ocidental soube separar a esfera pública e a esfera privada. O mundo do comércio, com as suas direcções comerciais e as suas transacções fazem parte dessa esfera privada. A esfera da política tem uma dimensão universal e o governante, se o é efectivamente, cria condições políticas abstractas para que os privados possam perseguir os seus interesses sob o império da lei, mas não confunde a acção política com o mercadejar próprio dos particulares. Na verdade, quando não se sabe qual é a função real da esfera política, qualquer coisa serve para arremedo, mesmo que esse qualquer coisa esteja, de facto, fora dessa esfera e, se toma preponderância, seja um poderoso dissolvente do carácter universal e abstracto da política.

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