O fácil caminho do computador
O governo há muito que se desinteressou da qualidade da educação. Melhor, este governo nunca teve qualquer interesse pela qualidade da educação. O cerne deste desinteresse não reside na maldade dos membros do governo, a começar no primeiro-ministro. O cerne reside na ignorância e na incapacidade de reflectir. A ignorância e a irreflexão deixam-se surpreender imediatamente quando o governo confunde saber e técnica. Ao distribuir tecnologia pelas escolas, os governantes pensam que o país irá dar um salto em frente. Será um país de info-incluídos. É isto que anima o espírito de gente como Sócrates ou Lurdes Rodrigues. O problema, porém, é que o défice português não reside na incapacidade do indígena em manejar máquinas, mais ou menos complexas. O défice português deriva do uso sistemático das faculdades teóricas e da organização do pensamento. A isto a distribuição universal de computadores e de banda larga não responde. Pelo contrário.
O governo apostou em transformar os alunos portugueses em operadores de computadores. Mas isso é apenas reservar-lhes um lugar no novo proletariado. Não passa de mera substituição, se o for, do ainda recente «ir trabalhar para as obras». Só uma profunda ignorância estrutural dos governantes os pode fazer crer que este caminho leva a algum lado interessante e que o país ganhará com esta aposta. Apesar do incremento no investimento em tecnologia na área da educação, o país está a desinvestir no saber e na formação científica de alunos e professores. O caminho que estamos a trilhar pode ser muito alegre, animado e cheio de efeitos especiais, mas é muito perigoso. A ignorância e a irreflexão podem explicar as opções de Sócrates e de Lurdes Rodrigues, mas os portugueses não podem continuar a desculpar a impreparação, a busca de caminhos fáceis e o fogo-de-artifício no lugar do trabalho sério e rigoroso.
O governo apostou em transformar os alunos portugueses em operadores de computadores. Mas isso é apenas reservar-lhes um lugar no novo proletariado. Não passa de mera substituição, se o for, do ainda recente «ir trabalhar para as obras». Só uma profunda ignorância estrutural dos governantes os pode fazer crer que este caminho leva a algum lado interessante e que o país ganhará com esta aposta. Apesar do incremento no investimento em tecnologia na área da educação, o país está a desinvestir no saber e na formação científica de alunos e professores. O caminho que estamos a trilhar pode ser muito alegre, animado e cheio de efeitos especiais, mas é muito perigoso. A ignorância e a irreflexão podem explicar as opções de Sócrates e de Lurdes Rodrigues, mas os portugueses não podem continuar a desculpar a impreparação, a busca de caminhos fáceis e o fogo-de-artifício no lugar do trabalho sério e rigoroso.
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