O casal Toffler e a educação
Esta intervenção de Alvin Toffler, também da mulher, mostra bem aquilo a que o sector da educação está sujeito. É verdade que o ensino se generalizou para desruralizar a população e a preparar para a sociedade industrial. Mas daí tirar a conclusão que muito do que esse ensino trouxe já não serve para as sociedades pós-industriais é um abuso. O exemplo da disciplina que a escola exige não serve apenas para a sociedade industrial. Serve também para os indivíduos poderem gerir da melhor forma o seu tempo, seja numa sociedade moderna, seja numa sociedade pós-moderna.
Espanta-me, também, o ar incrédulo do casal Toffler perante a angústia japonesa. Parece que os japoneses se queixam da pouca criatividade das suas crianças, seja lá isso o que for. Mas, em vez de adoptarem as utopias ocidentais, parece que se estão a recolher à Índia e a um ensino massificado, baseado na memorização, melhor no adestramento da memória. O exemplo da memorização da tabuada é excelente. Já estou a imaginar um aluno a decorar a tabuada do 84. Há uma coisa, porém, que não é dita. As sociedades ocidentais, incluindo nelas os EUA, perderam o viço e o vigor, estão em decadência, enquanto a Índia é super-potência emergente, nomeadamente na área da informática. Por que razão deveriam os japoneses preferir as ideias do casal Toffler aos resultados dos indianos?
Mas há uma coisa que não percebo em toda esta história. Foi o mal-fadado sistema de ensino que, antes de ser colonizado por reformistas e modernizadores, deu uma amplo avanço ao Ocidente e desencadeou uma potência criadora de que não há registo na história. Agora, quando essa potência criadora toma conta do mundo, parece que não se quer ter em conta o que lhe deu origem. Quer criar-se a criatividade negando aquilo que, de forma sólida, a desencadeou. Não há, porém, criatividade fora do trabalho duro, nem há aprendizagem do pensar sem disciplina intelectual e sem aquisição de matéria para pensar. Mais, não há pensamento nem criação sem memória. É lamentável, pois contraria as teses utópicas que, de todos os lados, se abatem sobre a educação das novas gerações.
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