04/11/09

Sob suspeita



É preciso ir mais longe. Isto significa o quê? Significa apenas que devemos desconfiar mais e melhor. Num tempo como o nosso, a suspeita deve recair sobre tudo e sobre todos. Em primeiro lugar, devemo-nos colocar a nós mesmos sob suspeita. Devemos suspeitar dos nossos actos, dos nossos pensamentos, dos nossos gestos, das nossas crenças, das nossas visões. Mas esta suspeita que fazemos recair sobre nós deve ser universalizada. A corrupção do carácter, para usar o belo título de um livro de Sennett, é universal, tão universal que já ninguém dá por essa corrupção. Aprendemos a viver segundo as regras dos corruptores e hoje pensa-se que elas são não apenas a lei jurídica como a lei moral. O carácter corrompido tornou-se inocência, mas esta não é ausência do mal, mas o desconhecimento da maldade do próprio mal.

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