16/11/09

Sinal de contradição



É isto que se espera da Igreja Católica, que esteja neste mundo mas não lhe pertença. Bento XVI criticou o «egoísmo que permite que a especulação penetre mesmo no mercado dos cereais, colocando a comida no mesmo plano que todas as outras mercadorias». Este sinal de contradição é o melhor serviço que se pode prestar às sociedades humanas. A voz dos homens é a dos interesses pessoais e do egoísmo. Estes interesses e egoísmo têm um papel na iniciativa dos indivíduos e na dinâmica das sociedades, mas deverão ser contrabalançados pela moral, pela religião, pela política e pelo direito. O ideal seria que o equilíbrio se estabelecesse a partir da própria consciência, isto é, a partir das convicções morais e religiosas. Mas como o egoísmo tem pouca propensão para a consciência moral e faz ouvidos moucos à religião, aquilo que o Papa pede só pode ser realizado por iniciativa política. Esta, como se sabe, serve os senhores deste mundo. Sendo assim, ao menos que a voz do Papa clame, mesmo que seja no deserto, mesmo que ninguém o escute.

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