10/11/09

Educação Sexual



Não percebo a pressa que há em disseminar pelas escolas essa disciplina retrato do niilismo educativo, Educação Sexual. A única coisa que se deveria dizer seria para os jovens aguardarem pelos 70 anos. Segundo a opinião de Jane Fonda, o sexo aos setenta e um é melhor do que antes. Sendo assim, e como não se presume que a escolaridade obrigatória se prolongue até tão tarde, o melhor mesmo seria ensinar gramática às crianças. Não é afrodisíaca? Depende. Talvez a morfologia não seja particularmente interessante. Mas se se aprender a metaforizar, talvez se compreenda que da morfologia das palavras à morfologia dos corpos a distância não é assim tão grande. Por outro lado, a fonética é imediatamente pregnante no acto sexual. O estudo dos sons, da sua emissão e recepção, não deixaria de fornecer matéria suficiente para a reflexão sobre a praxis sexual. Incontornável, porém, é a sintaxe. A arte da combinação das palavras numa frase é uma excelente propedêutica para a combinação dos corpos numa cama, a reflexão sobre o que deve vir antes e o que deverá vir depois, as possibilidades de alteração da ordem natural, etc. Como se vê, ensinando seriamente gramática aos alunos, fornecer-se-ia os instrumentos básicos de uma sexualidade realizada e feliz. Não há pois sexualidade que não tenha a sua grámatica, que não mobilize os conhecimentos morfológicos, que não dependa da fonética, que não utilize as regras da sintaxe. Mesmo que nem todos fossem poetas do sexo, pelo menos saberiam escrever e falar, o mínimo exigido para haver comunicação decente. E o sexo não é comunicação? Se se continuar a insistir na Educação Sexual e na Educação Cívica e no Estudo Acompanhado e na Área de Projecto, os alunos nunca terão tempo para aprender a complexidade do saber gramatical. Nem aos setenta anos poderão dizer que o sexo é melhor do que antes. Faltar-lhes-á a gramática que superintende um bom desempenho na linguagem do amor e fornece o padrão de avaliação da performance.

1 comentário:

maria correia disse...

Talvez a Isabel Alçada entenda isso...