08/11/09

Os crucifixos italianos



O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu proibir os crucifixos nos estabelecimentos escolares italianos. Segundo o Público, uma sondagem do Corriere della Sera mostra, porém, que a grande maioria dos italianos, 84%, é favorável à manutenção dos crucifixos na sala de aula. Dentro desta maioria conta-se 68% daqueles que nunca vão à missa.

O preocupante nesta história não é o conflito entre o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e o sentir da imensa maioria dos italianos, nem tão pouco o direito de ingerência em assuntos internos que os países europeus criaram para certas instâncias internacionais. Aquilo que é mesmo preocupante centra-se no escavar da identidade europeia, na abolição sistemática dos símbolos que nos conduziram até aqui. Mais tarde ou mais cedo tudo isto se pagará. Seja pela sujeição a símbolos que são radicalmente estranhos à tradição europeia, seja pelo acréscimo de intolerância e fanatismo religiosos dos próprios europeus. Contrariamente ao que pensam os herdeiros do Iluminismo e do Jacobinismo, não há vazios religiosos. A destruição do cristianismo, fundamentalmente do catolicismo, é apenas a antecâmara para que outras religiões, porventura bem menos civilizadas, tomem o lugar daquela que venera o Crucificado.

1 comentário:

maria correia disse...

Trata-se da proibição de crucifixos nas escolas públicas. O cruxifixo é um símbolo essencialmente católico e não vejo os países católicos estarem melhor no mundo do que os países protestantes, que também são cristãos, evidentemente; basta olharmos para os países do norte da Europa, que não têm crucifixos nas salas de aula e que no entanto representam e vivem um ideal humano e político muito mais perfeito do que o que se vive nos países do sul.Por cá há muito que se não vêem crucifixos nas salas de aula do ensino público, em França também não, em ESpanha idem.Será talvez uma «questão italiana»...O ensino público é laico por natureza e não deve por isso expor símbolos religiosos de qualquer género nas suas salas, penso eu. Não creio também que isto seja um sintoma do desmoronamento de uma cultura cristã, pelos motivos apresentados antes. Creio ser muito mais um passo dado à frente na separação entre Igreja e Estado. E nem quero recordar a época em que esta separação não existia. Nem os massacres sofridos por quem não professava o catolicismo. Nem a Inquisição. Nem as fogueiras em que a Igreja queimou milhares de livros. Nem os instrumentos de tortura criados e usados por essa mesma Inquisição. Sejamos justos e equidistantes...