14/11/09

Serviço militar obrigatório



Um dos temas presentes na crónica de ontem, no Público, de Luís Campos e Cunha, e aqui citada, é o da disciplina. Pertenço a uma geração que assistiu e participou na abolição do valor da disciplina e, concomitantemente, desvalorizou até ao irrisório as virtudes militares e os seus valores. Não fui imune ao sortilégio. Há muitos anos, porém, que reconheço o elevado valor moral e social dos valores da instituição militar. Nunca concordei com a abolição do serviço militar obrigatório, pelo contrário. Ele deveria, nos dias de hoje, ser universal, abranger rapazes e raparigas. Seriam dispensáveis os 16 meses que me couberam em sorte, mas uma espécie de recruta prolongada, de seis meses, na qual todos sem excepção seriam iguais, não faria mal a ninguém. Seria um momento, se bem pensado e organizado como é apanágio da instituição militar, de alta qualidade na formação cívica, social, patriótica e moral. Depois de uma escolaridade anarquizante e mesmo de um ensino superior quase igual, a disciplina da instituição militar acabaria por ajudar uma extensa maioria de jovens. Sei que isto não é politicamente correcto afirmar, ainda por cima por alguém que pertence a uma geração que fugiu do cumprimento do dever militar através de múltiplos álibis. Mas 25 anos como professor, para além da experiência própria na instituição militar, corrigem muitos preconceitos e ideias feitas. O serviço militar obrigatório não seria apenas uma contribuição para solidificar o espírito patriótico e a noção de dever, mas também uma tábua de salvação para muitos jovens que andam pura e simplesmente à deriva.  A primeira coisa que deveria acabar era a objecção de consciência. Pode cumprir-se o dever militar sem ter de pegar em armas. O essencial é a rotina, os valores, a disciplina irremitente, o deitar e levantar cedo, o ter de fazer a cama, o de estar impecavelmente fardado, o aprender a falar com o superior hierárquico, o ter de obedecer, o espírito de entre-ajuda em situações difíceis, o reconhecimento do papel do esforço. Isto é, tudo aquilo que deveria ser já o apanágio das escolas, mas que o corpo político por irresponsabilidade, oportunismo, má-fé e pusilanimidade, com a cumplicidade de muitos professores, diga-se de passagem, decretou que acabasse, para infelicidade de muita gente.

Sem comentários: