Masturbação política
Tomei contacto com a coisa no Ponteiros Parados, de lá segui para o Público, onde fui informado que a Exma. Junta da Extremadura espanhola, sob a égide dos socialistas (informação pesquisada por este blogger), está ocupadíssima em «pôr os jovens espanhóis, entre os 14 e os 17 anos, em contacto com o seu corpo e a sua sexualidade. As técnicas de masturbação estão entre os assuntos debatidos e explicados.» A notícia acrescenta: «A campanha, financiada pelo Governo, pediu a duas formadoras que ensinem aos jovens tudo o que é preciso saber sobre jogos eróticos, carícias, auto-erotismo e anatomia masculina e feminina. Temas mais complexos, como a identidade de género e a auto-estima, deverão igualmente ser abordados. As sessões de formação são itinerantes e incluem demonstrações com uma série de "brinquedos sexuais", incluindo vibradores e bolas chinesas.»
Ao fim de centenas de milhares de anos em que os seres humanos e os seus ancestrais se masturbaram como muito bem entenderam, o socialismo moderno decidiu que os jovens não sabem masturbar-se e que não há nada mais para fazer com o dinheiro dos contribuintes do que uns cursos de educação sexual, onde se ensina, entre outras coisas, os jovens nos seus jogos auto-eróticos. A intolerabilidade de tudo isto não reside no facto de haver alguém que ensine alguém a sexualidade, masturbação inclusive. A intolerabilidade está na intromissão do Estado no assunto. Esta intromissão tão cheia de boa vontade iluminista é perigosa porque rasga as fronteiras entre o público e o privado e abre uma nova frente de colonização da esfera da intimidade pela esfera do controlo político. Quando um organismo político acha que deve ensinar sexualidade aos seus cidadãos é porque não está contente com a sexualidade tal como existe e pretende interferir nas práticas sexuais, para as corrigir segundo o seu modelo. Extraordinário.
Mas não é só a esfera da intimidade que é assim ameaçada pelo controlo político. É o próprio poder político que se dissolve na irrelevância daquilo que toma por objecto da sua função. Estas causas da esquerda light, esquerda comprometida com a submissão da esfera política à esfera económica, significam a demissão das elites políticas das suas funções efectivas e a procura de um campo que, após se terem demitado da função de soberania, justique a sua inútil existência. Uma masturbação.
1 comentário:
É talvez uma manobrazita de diversão para afastar a atenção dos jovens de 14 e 17 anos do desemprego grassante que os pais e os irmãos mais velhos vivem actualmente em Espanha ou do emprego precário a que estão sujeitos os «mileuristas» de lá, equivalentes aos «quinhentos euristas» de cá. Enfim, é daquelas coisas que para nada mais servem a não ser como...manobra de diversão,para não lhe chamar outro nome.
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