01/10/09

Fortuna


A política é, por muito que isso magoe as boas pessoas, um jogo. E o jogadores deverão saber cultuar a deusa Fortuna, para que a cornucópia da abundância se derrame sobre eles. Como interpretar, porém, quando um jogador falha o kayros, o tempo certo do acontecer? Por exemplo, se esta notícia sobre o crescimento económico tivesse chegado uns dias antes, ou esta sobre o desemprego, ou esta fragilidade presidencial se tivesse revelado, em todo o esplendor, há uma semana atrás, a sorte de Sócrates seria a mesma? Não estaria o país confrontado com uma nova maioria absoluta do PS? Quando o jogador não acerta com o tempo, com o momento certo, é porque a deusa o quis castigar. Assim foi com Sócrates. Primeiro, a Fortuna castigou-o, agora, que está em situação difícil, parece querer estender-lhe a cornucópia. Nada pior para um mortal, porém, que pensar que os bons acontecimentos são mérito seu. Não são. Apenas os deuses e os ventos estiveram de feição. Eles, ventos e deuses, são inconstantes, sopram onde querem. A técnica, política neste caso, é necessária mas não suficiente. A Fortuna tem sempre a sua palavra. Mas poderá um engenheiro perceber isto?

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