07/10/09

Um país de vigilantes



A cibervigilância feita pelos próprios cidadãos está a ganhar terreno no Reino Unido. Todos aqueles que queiram, a partir de casa, vigiar determinado local público (a partir das imagens recolhidas em directo por câmaras de segurança instaladas in loco) poderão ganhar cerca de mil euros por mês com esta actividade, que funciona através de um sistema de pontos. Acho sempre salutar estas notícias vindas velha Albion. A ideia da mais velha democracia, do profundo respeito pelas liberdades individuais, da crítica sobranceira aos outros países, nunca verdadeiramente cultores da democracia à inglesa, e acima de tudo a anglofilia parola que, a coberto do nosso singular liberalismo estatal, grassa por cá fazem-me sempre sorrir perante notícias como estas. É um facto que a segurança é um problema em muitos países ocidentais, mas transformar a Internet num mundo de vídeovigilância e todos os cidadãos em candidatos a polícias talvez nos  obrigue a repensar qual o verdadeiro referente para a alegoria de Orwell. A mais velha democracia está a transformar-se de civilização de comerciantes  em país de vigilantes. Não sei se isto tem a ver alguma coisa com a leitura de Sir Karl Popper.

1 comentário:

maria correia disse...

Tem com certeza a ver com o facto de a velha Albion estar subordinada à «nova Albion«, onde essas práticas se generalizaram de forma assutadora com a administração Bush. A ideia da «segurança» foi imposta de forma brutal pela propaganda desses senhores, para fazer esquecer questões mais pertinentes como a miséria grassante em milhões de cidadãos americanos. parece que Obama ainda não deu conta desse «recado»...