Gatos e vírus
Talvez o gato de Schrödinger, aquele que estaria ao mesmo tempo vivo e morto, possa ser substituído por um vírus. Não parece ser grande a promoção, coisa de cientistas espanhóis do Instituto Max Planck. Trata-se de uma experiência em mecânica quântica que pretende testar a sobreposição de estados, não com um pobre bichano, mas com um diabólico vírus. Mesmo para um ignorante da Mecânica Quântica, como este blogger, o artigo do Público é um prazer para a imaginação. Veja-se o debate entre os adeptos da escola de Copenhaga (Bohr e Heisenberg) e Schrödinger, isto para não falar da many-worlds interpretation, de Everett . Penso muitas vezes que se fosse hoje não teria feito Filosofia mas Física. Com a morte da religião e o envelhecimento da Filosofia, resta apenas a Física como a casa grande onde a imaginação pode encontrar um terreno fértil para os seus devaneios. Não se pense que estou a ironizar. A imaginação é o alicerce da razão. Talvez o acesso aos fundamentos da realidade necessite tanto, ou mais, da faculdade da imaginação como da do entendimento ou razão. E depois há qualquer coisa de literário em tudo isto, o que talvez nos obrigue a pensar nos limites das definições dos géneros literários. Não será a ciência ainda uma forma de literatura? A gesta do gato de Schrödinger, não deixaria de ser um belo título.
1 comentário:
Quem sabe, hoje, talvez Álvaro de Campos escrevesse:
"A física quântica é tão bela como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso."
Admiro profundamente o trabalho dos cientistas, a quem tanto devemos, mas eu continuo a preferir a Vénus de Milo. Certamente, haverá beleza na ciência, mas eu é que não sou capaz de dar por isso. Porque a ciência me deslumbra, mas a arte é que me comove...
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