O exercício da banalidade
O que me espanta não é o ateísmo militante de Saramago, uma ateísmo que roça o proselitismo. É um direito seu exactamente igual ao dos crentes militantes e proselitistas. O que me acaba sempre por desapontar é a banalidade dos ataques à religião, a incompreensão do fenómeno e das raízes racionais que estão presentes na ideia de Deus. Compreender a religião e a ideia de Deus não implica acreditar ou não nelas, mas tentar uma aproximação racional ao fenómeno religioso. O que está muito longe de acontecer com Saramago, como se prova por isto: «O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!» Isto está ao nível das crises religiosas da adolescência.
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