02/10/08

Sobre o acaso

«- Enganas-te quanto à escala do drama; reduzes-lhe as proporções. É por essa razão que desde há um ano abundas em pequenas vaidades e em pequenos escrúpulos, o que é a mesma coisa. Espero que isso tenha agora acabado. Em todo o caso, escuta-me bem, pois vou dizer-te coisas difíceis. E eis a primeira: não foi por acaso que nos encontrámos. O que poderá constituir o teu primeiro tema de meditação: o acaso não existe. Não é pelo facto de duas nuvens se aproximarem que o relâmpago salta, é para que o relâmpago salte que as nuvens se aproximam. Compreendeste?» [Raymond Abellio, Os Olhos de Ezequiel Estão Abertos]

1 comentário:

maria correia disse...

«O acaso não existe»...eis uma frase que tenho ouvido repetidas vezes nos últimos anos. Faz parte de várias correntes esotéricas e espiritualistas que pairam sobre a nossa era.Aliás, Abellio interessava-se por isso, entre outras coisas... Quando a ouvi pela primeira vez, quase que me chocou. Só a profunda consideração pela pessoa humana e intelectual de quem ma transmitiu ma fez aceitar como mote para pensar, nessa altura. Hoje em dia,acredito que possa haver alguma verdade nisso. E esta alguma verdade é apenas o meu espírito algo céptico a falar. A célebre frase da teoria do caos que diz que o «bater de asas numa borboleta no Japão pode provocar um furacão em Nova Iorque» também poderia aqui ser invocada. Tudo está interligado e nada acontece por acaso. Talvez fosse bom que começássemos a ter mais consciência disso.