Assustam-se as belas e pobres escravas
Assustam-se as belas e pobres escravas
envoltas no corpo, a natureza lho deu,
ao verem a terrível luz de Ulisses,
náufrago entre náufragos,
a emudecer a sombra que do mar vinha.
Entre tanta mulher de corpo resfriado pela água,
aquecido pelo sol do mediterrâneo,
apenas uma enfrenta o desconhecido
e a sua mão lhe entrega para o levar
à cidade, para que o cuidem e lhe tragam
o conforto que os dias passados roubaram.
Nausícaa, filha real, reconheceu no estrangeiro
não o escravo a que tudo teme,
mas um igual, apenas maltratado pelas águas
e pelo destino adverso que tudo pode.
No segredo do seu coração, já o filho de Ulisses
encontrara o conforto para a sua solidão.
1 comentário:
Quando Ulisses chegou a Lisboa, perdido e saudoso de Penélope, que, entretanto, fiava e desfiava tapeçarias para iludir pretendentes, terá tido uma recepção assim também? Não será uma dessas belas a mulher-serpente que o enfeitiçou em Lisboa? E que, correndo atrás dele, quando o herói voltou a partir, se transformou em pedra, dando origem às sete colinas desta bela cidade também ela perdida entre rio e céu?
Perdoe-me, não resisti a evocar uma da smais belas lendas relacionadas com Lisbo que, como toda a gente sabe, já foi a Felicidade de César, Olissipo, Ulisseia, Lisbon, Lissabonne...Ulisses ter-lhe-á dado o nome.
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