02/10/08

A minha desrazão

O Público escreve isto: “O Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou hoje que a actual crise financeira constitui um acontecimento “sem precedentes desde a II Guerra Mundial” e pediu uma maior cooperação dos países europeus para a enfrentar. “Nada no passado se assemelha ao que assistimos actualmente”, afirmou o líder da entidade central, em entrevista ao canal de notícias France 24, antes de acrescentar: “Os acontecimentos que enfrentamos são provavelmente os mais graves desde a II Guerra Mundial”. Não sei se estaremos a perceber o que se vai dizendo. Sinto muita comichão quando vejo em tão curto espaço duas referências à II Guerra Mundial. Parece que eu sou pessimista, mas gostava que o optimismo reinante me mostrasse a minha desrazão.

4 comentários:

Anónimo disse...

A guerra sempre fez parte História. E da História da Europa.
Desde há mais de 60 anos que o território da Europa Ocidental é um território de paz, sem conflitos bélicos. Este é um período longo de tempo que constitui uma excepção relativamente ao passado.
Também tenho pensado nos últimos tempos nos perigos e na inevitabilidade de um conflito bélico de grande escala em território europeu. À semelhança do que acontece com a periodicidade da ocorrência de sismos para libertar e equilibrar as energias e desequilibrios acumulados.
Preocupa-me a nossa (portuguesa e europeia) fragilidade militar e demográfica (em termos etários, quantitativos e qualitativos). E mais ainda o nosso (português e europeu) desinteresse pela política externa e de defesa comuns.
A União Europeia (antes CEE) tem contribuído de forma indiscutível para a paz entre os seus Estados membros. Porém, continua a descurar irresponsavelmente a sua segurança relativamente a terceiros. E pior do que isso, a desprezar a coordenação militar e diplomática. Porque a excelência da guerra é vencer o inimigo sem combate.

José Ricardo Costa disse...

Então expliquem-me lá. A guerra vai ser quem contra quem?

UE vs Rússia?
UE vs China?
UE vs EUA?
UE vs Rússia/China?
UE/EUA vs Rússia/China?
EUA vs Rússia/China?
UE/Rússia/China vs EUA? ( a mais temida pelo director do PÚBLICO)
UE vs UE?
Escócia vs País de Gales? ( No râguebi, claro).

JR

Jorge Carreira Maia disse...

Zé Ricardo,

Aposto mais Porto vs Benfica. Mas estou de acordo com o Zé Trincão Marques. A situação política internacional é muito volátil e as mutações são muito rápidas. Ainda há alguns instantes a Rússia era um potência em declínio e o hejo está a refazer-se rapidamente. Os EUA estão metidos em muitos sarilhos. O Ocidente está fragilizado e isso é um convite a certas aventuras. A Geórgia é um exemplo interessante. Os chineses são muito racionais, mas uma alteração no sistema política cria um foco de instabilidade. A crise de 29 não gerou de imediato a Guerra. Ela foi 10 anos depois. Houve muitos acontecimentos que ajudaram, mas a crise não é de menosprezar no contexto das causas próximas. O problema não está na certeza de ir haver uma guerra mais ou menso generalizada. Talvez não. Está no facto de se ignorar a sua possibilidade e agir como se isso fosse impossível. Não é.

José Ricardo Costa disse...

Peguei, há pouco, no Lévinas (Totalidade e Infinito) e, mal comecei a coisa, lembrei-me logo dos meus dois interlocutores. Este comentário é dedicado a vós.

" A lucidez - abertura do espírito ao verdadeiro - não consiste em entrever a possibilidade permanente da guerra? (...) A arte de prever e de ganhar por todos os meios a guerra - a política - impõe-se, então, como o próprio exercício da razão. A política opõe-se à moral, como a filosofia à ingenuidade".

Quem é amigo, quem é?

JR