O êxito da marcha do PCP
A marcha organizada, ontem, pelo PCP tem uma dupla virtualidade. Em primeiro lugar, mostra que o partido está vivo e recomenda-se, salientando a sua ligação aos problemas reais das populações. Em segundo lugar, é uma espécie de negativo do retrato daquilo que os partidos do arco governamental têm feito ao país e aos portugueses.
A União Europeia foi uma oportunidade, quase já perdida, para inverter uma situação social injusta, para quebrar a ligação de grande parte da população à miséria e à descrença social. Ao fim de todo este tempo, encontramo-nos numa sociedade cada vez mais dividida, dirigida por uma elite, política e social, arrogante, fria e cínica. O êxito da marcha do PCP é um grito de alerta de uma sociedade que se afunda. Pode-se fingir que não aconteceu nada, mas os problemas estão aí.
A União Europeia foi uma oportunidade, quase já perdida, para inverter uma situação social injusta, para quebrar a ligação de grande parte da população à miséria e à descrença social. Ao fim de todo este tempo, encontramo-nos numa sociedade cada vez mais dividida, dirigida por uma elite, política e social, arrogante, fria e cínica. O êxito da marcha do PCP é um grito de alerta de uma sociedade que se afunda. Pode-se fingir que não aconteceu nada, mas os problemas estão aí.
3 comentários:
Actualmente, parece que o bom e velho PCP (exceptuando ideologias)acaba por ser o único partido decente a partilhar as aspirações e a luta de milhares e milhares de portugueses por um lugar um pouco mais ao sol...é que estes partidos feitos à imagem de um líder de momento, que defendem num dia o que atacaram no dia anterior, que se culpam mutua e constantemente sobre o estado da nação, sem, no fundo, encontrarem políticas reais em prol do bem comum, esses partidos--ou direi antes, esse bipartido, afinal, em que se tornaram o PS e o PSD esqueceram o país real. Defendem apenas interesses corporativistas e das altas hierarquias. O país real, infelizmente, parece ter estado na manifestação do PCP. E tenho a certeza de que muitos desses milhares de pessoas nem sequer estão directamente ligadas ao partido...E, se não esteve o país real, estiveram pelo menos presentes as queixas e misérias do país real.
Maria Correia permita-me que discorde de si quando afirma que "O país real, infelizmente, parece ter estado na manifestação do PCP". Infelizmente porquê?
Na verdade, o PCP, esse velhinho de 86 anos, existe ainda hoje, mesmo com as derrotasa leste, porque a sua força foi e é construída numa estreita ligação ao "tal" país real.
Curiosamente, ontem o Público publicou uma edição de Janeiro 1990 que nunca chegou a sair para as bancas - nesse jornal está um artigo de opinião do ainda mas já então crítico da direcção de Cunhal do PCP, José Luís Judas. Judas que viria a ter o percurso que se conhece escrevia ainda em 1990 sobre o PCP:
"não obstante se reconhecer que o PCP tem no plano teórico elaborações próprias e, sobretudo que, a sua prática política o distancia , positivamente, dos outros Partidos Comunistas - (do bloco de leste)"
Com s meus cumprimentos, pedindo desculpa a JCM pela ocupação do espaço,
Um abraço
Zé Manel, creio que me compreendeu mal, ou, então, não fui sufientemente explícita. O meu «infelizmente» refere-se apenas à necessidade dessas cinquenta mil pessoas de se manifestarem. Só se manifestaram, e bem, e ainda bem, e ainda bem que o PCP as uniu, porque sofrem diariamente, SE não sofrssem, não se manifestavam, não é verdade? O meu «infelizmente» tem a ver com a minha tristeza por termos chegado a este ponto. Cinquenta mil pessoas em manifestação é muito povo a sofrer, e este número é o que vem ao de cimo...ha´outros cinquenta mil no silêncio. O meu «infelizmente» nada tem a ver com o facto de a manifestação ter sido organizada pelo PCP, longe disso, ainda bem que foi. Aliás, comecei por dizer, de início, no meu comentário, que este, o bom e velhinho PCP, era o único partido decente...
Espero ter-me explicado melhor, agora...
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