Educação e engenharia social
No post anterior referi que as reformas educativas em Portugal eram feitas para alunos, famílias e professores que não existem. Isso tem sido verdade até hoje. Mas o actual governo foi mais longe na lógica. Pretende criar, por decisão política, esses alunos, famílias e professores que não existem. A «escola a tempo inteiro», um orgulho do actual governo, não é mais do que a tentativa totalitária de criar crianças e famílias que estejam adequadas às utopias educativas que alucinam os governantes. O Estatuto da Carreira Docente, o modelo de avaliação de professores e a nova forma de gestão são os instrumento para liquidar o velho professor e construir, por engenharia social, o novo professor que, de braço dado com os alunos e as famílias reconstruídos pela escola, erguerão bandeiras e cantarão o glorioso amanhã que estará para chegar. O mais espantoso é, porém, que na esfera pública portuguesa ninguém consiga ler o óbvio: a natureza absolutamente totalitária da reforma educativa em curso. Estamos perante um dos mais graves atentados à liberdade, um atentado inimaginável numa sociedade plural. A utopia que se começou a desenhar com Veiga Simão, que tomou o pulso da escola com Roberto Carneiro, mostra agora a sua verdadeira face distópica e totalitária.
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