04/08/09

Alma Pátria - 16: José Viana - Fado do Cacilheiro


José Viana - Fado do Cacilheiro

José Viana não era propriamente falando um fadista. Fundamentalmente, foi um homem de teatro, de um teatro que terminou quando o regime salazarista se finou, o teatro de Revista. Este fado é uma das imagens de marca desse teatro e o principal título de glória do artista. O teatro de revista, uma manifestação eminentemente lisboeta, era uma espécie de oposição tolerada ao regime, apesar da censura feroz que se abatia sobre os gracejos mais ou menos brejeiros que os números de revista tinham. As piadas políticas, não passavam disso, eram indirectas, leves alusões que o público compreendia e das quais ria. Mas só rimos daquilo que toleramos e o regime sabia disso. Se permitia algumas gargalhadas sobre a sua idiossincrasia, era porque isso não o punha em causa, pelo contrário, servia como escape das tensões ocultas que atravessavam a sociedade. Por muito que isto possa chocar as leituras do teatro de revista como forma de oposição ao salazarismo, a verdade é que ele se inseria no Zeitgeist e o reforçava. Não resistiu à democracia.

1 comentário:

maria correia disse...

José Viana era também pintor...decididamente, ao ver o a Ver o Mundo tão activo e com tanto a comentar, terei de lhe dedicar mais tempo este Agosto...não faço parte dos portugueses que se encontram de férias nesta altura. Estou fechada em casa a trabalhar...férias, lá para Setembro, com menos burburinho...mas enfim, lá terei de arranjar mais tempo.