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Não há nada melhor, para um blogger veraneante, do que as efemérides. Sempre dão motivo para que se
blogue qualquer coisa.
Hermann Hess morreu faz hoje precisamente quarenta e sete anos, eis a efeméride. É um autor que a morte não apagou. Os seus livros continuam a traduzir-se e a vender. O que terei lido dele? Tanto quanto recordo, li o inevitável
Siddhartha,
Narciso e Goldmundo,
Ele e o Outro,
Lobo das Estepes e Jogo
das Contas de Vidro. Todos estas obras deram-me prazer ao lê-las e talvez tenham contribuído para um certo auto-conhecimento. Essa é uma das funções fundamentais da literatura,
possibilitar ao leitor o reconhecimento de si mesmo. Mas é também com
Hermann Hesse que faço uma outra experiência fundamental da literatura: o do limite da obra. Quando tentei uma
releitura de obras como o
Lobo das Estepes ou
Jogo das Contas de Vidro, obras de que tinha gostado particularmente, não o consegui fazer. As obras tinham-se tornado, para mim, desadequadas, como se a experiência ontológica que elas permitem estivesse há muito ultrapassada. Isso manifestava-se em cada linha do texto, em cada imagem apresentada. Esta experiência não se deve confundir com uma outra corrente em literatura, a experiência da datação da obra. Certas obras fazem sentido na sua época, mas não contêm em si um princípio de universalidade e tornam-se, passado algum tempo, ilegíveis. Esta é uma experiência mais de carácter social e tem uma dimensão quase objectiva. A outra experiência é subjectiva, não depende das metamorfoses sociais, mas das transformações pelas quais passa o sujeito que lê.
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