M. S. Lourenço - O sentido da vida

A ideia básica é que neste momento da história da humanidade já se atingiu um estádio de hipertrofia de interacção social. Não se deve por isso colaborar numa expansão desta hipertrofia, a qual se destina a legitimar os objectivos triviais da civilização de massas. Deve-se por isso renunciar a posições de leadership na já descontrolada hipertrofia da civilização de massas, exercendo a mencionada abstinência de participação em cliques ou lobbies, quaisquer que eles sejam.
Sigo assim Spengler, Brouwer e Wittgenstein na convicção de que o nível de entropia na cultura actual, e o seu consequente processo de desintegração, é neste momento irreversível e que a explosão demográfica, a sobreprodução industrial e científica e a exploração criminosa da natureza atingiram as próprias condições físicas da sobrevivência no planeta. Assim a humanidade, depois da sua morte espiritual pelas mãos da indústria da cultura, terá a sua morte física pela impossibilidade de viver no planeta, e por isso a sua escatologia vai ser em tudo igual à de uma colónia de bactérias que desaparece da face da terra depois de cumprir um limitado ciclo de vida. [Miguel Tamen (2007). Uma entrevista a M. S. Lourenço]
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