21/08/09

Feridas abertas

Parece que Pacheco Pereira terá admitido que a inclusão de António Preto é uma ferida aberta nas listas de candidatos a deputados pelo PSD. Usa mesmo uma linguagem esotérica, falando na cessidade de engolir sapos com a finalidade de correr com o grupo de Sócrates do poder. Como ressalta do que venho a escrever neste blogue, não morro de simpatias pelo engenheiro Sócrates e o seu grupo, acho mesmo que se ele se fosse embora seria uma bênção para o país e para o próprio Partido Socialista. Mas não confundamos as coisas. As listas do PSD é que têm dois candidatos arguidos em processos judiciais, sendo um desses processos muito pouco simpático. Pacheco Pereira deveria interrogar-se sobre o exemplo que o seu partido, pelo qual ele aceita candidatar-se mesmo assim, dá ao país. Uma coisa é a presunção de inocência, e toda a gente é inocente até prova em contrário. Outra coisa é a oportunidade política. Não compreendo, e no país ninguém compreende, o convite que Manuela Ferreira Leite endereçou a essas duas pessoas. Ainda mais incompreensível é o facto de eles terem aceite. Depois de António Vitorino ter abandonado um governo do eng.º Guterres por uma mera suspeita num assunto fiscal (ainda por cima infundada), depois da batalha travada por Luís Marques Mendes, enquanto presidente do PSD, para evitar candidatos com problemas com a Justiça, a decisão de Manuela Ferreira Leite representa um recuso inaceitável. Se havia alguma coisa que Manuela Ferreira Leite poderia apresentar era uma imagem de pessoa séria. A sua decisão, aos olhos da opinião pública, não veio consolidar essa imagem. Feridas abertas? Sim, e talvez essas feridas possam custar uma derrota eleitoral.

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