02/08/09

O amor pela rua

Reconheço ao dr. Louçã e aos seus confrades do Bloco de Esquerda talento. Conseguiram pegar em duas organizações esquerdistas antagónicas (trotskystas e estalinistas) mais uma composta por transfugas do PCP e cozinhar tudo num novo partido de esquerda com ar moderno. O dr. Louçã é bom analista do mercado político. Percebeu onde podia encontrar um nicho de mercado e tem-no explorado com eficiência. Os empresários portugueses , caso não fossem tão preconceituosos, muito teriam a aprender com ele. É evidente que os sinais de modernidade são postiços e, mal chegam as eleições, lá lhe foge o pé para a chinela. Segundo a Lusa, Francisco Louçã, defendeu hoje que o seu partido vai levar a cabo "uma campanha que atravessa as ruas do país", de forma a auscultar directamente a população. O populismo adora a rua e a esquerda que não deixa de sonhar com revoluções, mesmo que seja lá bem no inconsciente, baba-se com desfiles e bandeiras pelas ruas. Um país civilizado não teria campanha de rua. Seríamos poupados aos apertos de mão, abraços e beijos que as elites políticas resolvem distribuir de eleição em eleição pela plebe democrática, para parecerem populares. Ora, o que povo sonha mesmo não é que as elites sejam populares, mas o contrário, que os populares passem a fazer parte das elites. Coisa impossível fora da escandinávia, como se sabe. Era bom que os Louçãs dos vários partidos, quase todos os chefes políticos gostam da rua, se civilizassem e nos poupassem às suas auscultações.

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